Dirigido pelo espanhol Damià Puig, o filme percorre cidades ribeirinhas que serão direta ou indiretamente afetadas pelo represamento do rio, e colhe depoimentos de moradores, agricultores e indígenas que habitam ou trabalham na região. Também ouve especialistas da áreas ambientais, técnicos e sociais sobre o projeto polêmico, que ganhou licença do Ibama mês passado depois de diversos confrontos do governo com o órgão, que resultou na troca de sua diretoria.
“Antes de Belo Monte, a nossa região vivia abandonada, esquecida pelo estado e pelos políticos. Só lembraram da gente quando precisaram de energia para alimentar a indústria que exporta os minérios da região para o exterior”, protestou Juma Xipaia, jovem índia da tribo xipaia e presidente da Associação dos Indígenas Moradores de Altamira-PA (Aima), durante a coletiva do longa-metragem produzido pelo brasileiro Rafael Salazar.
Personagem do documentário de Puig, Juma já havia conquistado a plateia que lotou o Theatro Municipal de Paulínia para a primeira projeção de À margem do Xingu, na noite anterior. “Não tenho qualquer pretensão de fazer carreira pública. A política brasileira é corrupta e muito suja. Nosso trabalho (de resistência) é o que me fortalece. Estou feliz por poder estar aqui representando a minha aldeia, lá de Tucamã”, contou Juma.
Concluído em janeiro de 2010, no momento em que a licença prévia que permitiria o leilão da usina de Belo Monte tramitava no Congresso, o documentário amplia o debate sobre o represamento dos rios amazônicos para a construção de hidroelétricas e o impacto delas no meio ambiente. À margem do Xingu também será exibido em comunidades da região amazônica, cineclubes, universidade, escolas e eventos relacionados a problemática ambiental.
Veja o trailer do filme abaixo
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