O fotógrafo paulista Lalo de Almeida, autor do projeto ‘Os Impactos de Belo Monte’ e colaborador do jornal Folha de São Paulo e do The New York Times no Brasil e na América do Sul, expôs as queixas da população após a chegada da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em debate online na tarde desta quinta-feira (31).
“Minha impressão – é uma impressão de fotógrafo, visual, de conversar com as pessoas na rua – senti assim: que uma das principais queixas dos moradores de Altamira é a questão da violência. Então isso me impactou bastante”, disse o fotógrafo.
Ao iniciar seu projeto fotográfico, Lalo disse que foi de mente e coração abertos para ver os impactos tanto positivos, como negativos da megaobra. “Não é possível que uma obra desse tamanho não tivesse absolutamente nada de positivo”, pondera.
Lalo foi pela primeira vez a Belo Monte em 2005 e este ano, já ao chegar ao hotel em Altamira, o fotógrafo notou a presença de um helicóptero que sobrevoava a cidade com voos razantes e que, segundo a recepcionista do hotel, já tinha se tornado normal. “Como uma cidade de 150 mil habitantes – pouco mais, pouco menos – tem uma patrulha aérea constante? Então, essa foi minha primeira impressão”.
Frequentadores de um bar na periferia de Altamira são
revistados pelo polícia
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O fotógrafo começou a acompanhar mais de perto as mudanças, participando em plantões na delegacia de Altamira e acompanhando operações da Polícia Militar para conhecer as ocorrências. “Vi as coisas mais variadas, típicas de cidades grandes. É homicídio, tráfico de drogas, roubo”, disse o fotógrafo. “Então eu fiquei muito impressionado, como o clima de Altamira tinha mudado”.
Lalo disse que a semana do pagamento dos operários era quando a violência se tornava maior. “Tem aquele ‘mundarel’ de funcionários que recebeu o salário do mês. Na cidade, tem o dinheiro nos bolsos, vão nos bares, também não tem o que fazer. A maioria é solteiro. Vai nos ‘cabarés’, prostíbulos, aí bebem. Poucas mulheres, muito homem, muita briga, um acaba esfaqueando o outro. E é mais ou menos assim, esse clima esquisito que eu acho que Altamira vive hoje”, disse.
Dos pontos positivos que o fotógrafo observou, a infraestrutura da cidade melhorou com a chegada de Belo Monte. Lalo notou uma grande melhora nos hotéis, restaurante e academias. “Nunca vi uma coisa dessas, tem cada academia de ginástica de três andares em Altamira, então, nesse sentido, a estrutura para quem vem de fora, ou seja, os engenheiros e tal, melhorou”, disse o fotógrafo.
Suspeito de
assalto agoniza no chão da Transamazônica na periferia de
Altamira após ser
baleado em uma troca de tiros com a polícia militar
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Apesar de ter ficado impressionado com os impactos que encontrou em Altamira nesta última visita a Belo Monte, Lalo tem esperança que a mobilização da sociedade a exigir os direitos da população possam melhorar as condições nas cidades impactadas. “Eu tenho fé que nos próximos dois anos, com esse trabalho – a sociedade se mobilizando, todo mundo pressionando e tal – que realmente Altamira possa ficar um lugar melhor e que as coisas aconteçam, as condicionantes sejam cumpridas, e enfim, eu espero estar fotografando isso também, mostrando uma Altamira melhor para todo mundo”.
Lalo, junto a cinco outros convidados, participaram de um debate promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA) com tema “Belo Monte: no pico da contradição”. Participaram as procuradoras da República em Altamira do Ministério Público Federal, Thais Santi e Gabriela Azevedo, a defensora pública, Andreia Barreto, os representante do movimento “#Direitosjáemaltamira”, Daniela Silva e Marcelo e a advogada do Programa Xingu-ISA e mediadora Biviany Rojas.
Interior de
um cabaré em Altamira
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A discussão expôs o descompasso entre o ritmo da megaobra e o cumprimento das condicionantes socioambientais nas cidades afetadas. O debate teve transmissão online e contou com perguntas de internautas.
Fonte: Epoch Times Brasil
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