quinta-feira, 1 de agosto de 2013

FOTÓGRAFO DIZ QUE VIOLÊNCIA É A PRINCIPAL QUEIXA DEPOIS DE BELO MONTE

Policiais militares patrulham bairros da periferia de Altamira. O aumento da
 violência é um dos principais problemas apontados pelos moradores da 
cidade após o início das obras da hidrelétrica de Belo Monte.
O fotógrafo paulista Lalo de Almeida, autor do projeto ‘Os Impactos de Belo Monte’ e colaborador do jornal Folha de São Paulo e do The New York Times no Brasil e na América do Sul, expôs as queixas da população após a chegada da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em debate online na tarde desta quinta-feira (31).
“Minha impressão – é uma impressão de fotógrafo, visual, de conversar com as pessoas na rua – senti assim: que uma das principais queixas dos moradores de Altamira é a questão da violência. Então isso me impactou bastante”, disse o fotógrafo.
Ao iniciar seu projeto fotográfico, Lalo disse que foi de mente e coração abertos para ver os impactos tanto positivos, como negativos da megaobra. “Não é possível que uma obra desse tamanho não tivesse absolutamente nada de positivo”, pondera.
Frequentadores de um bar na periferia de Altamira são revistados pelo polícia
Lalo foi pela primeira vez a Belo Monte em 2005 e este ano, já ao chegar ao hotel em Altamira, o fotógrafo notou a presença de um helicóptero que sobrevoava a cidade com voos razantes e que, segundo a recepcionista do hotel, já tinha se tornado normal. “Como uma cidade de 150 mil habitantes – pouco mais, pouco menos – tem uma patrulha aérea constante? Então, essa foi minha primeira impressão”.
O fotógrafo começou a acompanhar mais de perto as mudanças, participando em plantões na delegacia de Altamira e acompanhando operações da Polícia Militar para conhecer as ocorrências. “Vi as coisas mais variadas, típicas de cidades grandes. É homicídio, tráfico de drogas, roubo”, disse o fotógrafo. “Então eu fiquei muito impressionado, como o clima de Altamira tinha mudado”.
Lalo disse que a semana do pagamento dos operários era quando a violência se tornava maior. “Tem aquele ‘mundarel’ de funcionários que recebeu o salário do mês. Na cidade, tem o dinheiro nos bolsos, vão nos bares, também não tem o que fazer. A maioria é solteiro. Vai nos ‘cabarés’, prostíbulos, aí bebem. Poucas mulheres, muito homem, muita briga, um acaba esfaqueando o outro. E é mais ou menos assim, esse clima esquisito que eu acho que Altamira vive hoje”, disse.
Suspeito de assalto agoniza no chão da Transamazônica na periferia de 
Altamira após ser baleado em uma troca de tiros com a polícia militar
Dos pontos positivos que o fotógrafo observou, a infraestrutura da cidade melhorou com a chegada de Belo Monte. Lalo notou uma grande melhora nos hotéis, restaurante e academias. “Nunca vi uma coisa dessas, tem cada academia de ginástica de três andares em Altamira, então, nesse sentido, a estrutura para quem vem de fora, ou seja, os engenheiros e tal, melhorou”, disse o fotógrafo.
Apesar de ter ficado impressionado com os impactos que encontrou em Altamira nesta última visita a Belo Monte, Lalo tem esperança que a mobilização da sociedade a exigir os direitos da população possam melhorar as condições nas cidades impactadas. “Eu tenho fé que nos próximos dois anos, com esse trabalho – a sociedade se mobilizando, todo mundo pressionando e tal – que realmente Altamira possa ficar um lugar melhor e que as coisas aconteçam, as condicionantes sejam cumpridas, e enfim, eu espero estar fotografando isso também, mostrando uma Altamira melhor para todo mundo”.
Interior de um cabaré em Altamira
Lalo, junto a cinco outros convidados, participaram de um debate promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA) com tema “Belo Monte: no pico da contradição”. Participaram as procuradoras da República em Altamira do Ministério Público Federal, Thais Santi e Gabriela Azevedo, a defensora pública, Andreia Barreto, os representante do movimento “#Direitosjáemaltamira”, Daniela Silva e Marcelo e a advogada do Programa Xingu-ISA e mediadora Biviany Rojas.
A discussão expôs o descompasso entre o ritmo da megaobra e o cumprimento das condicionantes socioambientais nas cidades afetadas. O debate teve transmissão online e contou com perguntas de internautas.
Fonte: Epoch Times Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário