Operação conjunta das Polícias Civil dos Estados
do Pará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul resultou, na quinta-feira, 22, no cumprimento
do mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça paraense contra Claci
Fátima Morais da Silva, indiciada em inquérito policial sob acusação de
recrutar meninas da região Sul do Brasil para exploração sexual nas cidades de
Altamira e Vitória do Xingu, às
proximidades das obras de construção da hidrelétrica de Belo Monte. O mandado
de prisão foi solicitado pela delegada Thalita Rosal Feitoza, da Polícia Civil
de Altamira, no Pará, responsável em representar pela prisão preventiva da
acusada. De acordo com a delegada, Claci Fátima estava foragida desde o mês de
fevereiro deste ano.
Com apoio direto dos delegados Aline Ferreira e
Fernando Rocha, do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil do Pará (NIP), junto
com delegados dos Estados sulistas, ela foi encontrada e presa em Passo Fundo,
no Estado do Rio Grande do Sul, A presa será recambiada ao Pará para responder
pelo crime, mas ainda não há data prevista para a transferência. Ela e outras
cinco pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal do Pará, em
março, pelos crimes de trabalho escravo, tráfico de pessoas, exploração sexual,
corrupção de menor e formação de quadrilha. Os acusados foram identificados
pelas vítimas libertadas da boate Xingu, em fevereiro, depois de operação
coordenada da Polícia Civil do Pará.
Na ocasião, foram presos os acusados de comandar
esquema de tráfico de pessoas para exploração sexual, na região do Xingu,
sudoeste do Pará. Os empresários Adão Rodrigues, 51 anos, e Solide Fátima
Triques, 38, foram transferidos, no avião do Governo do Pará, de Altamira para
Belém, sob escolta policial, para ficarem presos em casas penais da região
metropolitana da capital. Além de Claci de Fátima Morais da Silva, Adão
Rodrigues e Solide Fátima Triques, foram denunciados Moacir Chaves, Carlos
Fabrício Pinheiro e Adriano Cansan. Claci era a proprietária de uma boate em
Santa Catarina, onde aliciou as mulheres, com apoio de Moacir Chaves,
prometendo que elas ganhariam até mil reais por dia trabalhando na barragem,
segundo as investigações.
As vítimas foram levadas de van desde Santa
Catarina até Altamira, cerca de 4 mil quilômetros de distância. Já na boate
Xingu, as vítimas foram recebidas pelo acusado Adão Rodrigues e pela mulher
dele, Solide Fátima Triques, que as colocaram em quartos precários, alguns com
trancas do lado de fora. Conforme a delegada-geral adjunta da Polícia Civil,
Christiane Ferreira, Adão e Solide estão envolvidos no esquema de tráfico de
pessoas para exploração sexual, na região do Xingu. O casal já havia sido
preso, há dois anos, em Rondônia, onde era dono de uma casa de prostituição
localizada às proximidades de canteiros de obras de uma hidrelétrica naquele
Estado.
Em Vitória do Xingu, a boate “Xingu”, ficava a
cerca de 10 quilômetros de dois canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte. Para a delegada-geral adjunta, fica evidente que os dois aproveitam
a grande movimentação de pessoas atraídas por esses projetos para realizar a
exploração de pessoas para programas sexuais. "Os dois já foram donos de
mais de dez casas de prostituição em várias cidades do Brasil", ressalta.
Carlos Fabricio Pinheiro e Adriano Cansan também foram transferidos para
presídios na Região Metropolitana de Belém. Eles atuavam com gerente e garçom,
respectivamente, no estabelecimento. No total, 18 mulheres e uma travesti foram
resgatadas do interior da boate. A maioria das pessoas era procedente de
Estados do sul do Brasil, principalmente, Santa Catarina.
Adão Rodrigues foi ouvido em depoimento pelos
delegados Thalita Feitoza e Fernando Rocha, do Núcleo de Apoio à Investigação
de Castanhal, na Superintendência Regional do Xingu, sob coordenação do
delegado Cristiano Marcelo do Nascimento. O preso admitiu que havia programas
sexuais, dentro da boate, mas negou que as jovens eram submetidas a cárcere
privado e maus-tratos, conforme denunciado por uma adolescente de 16 anos, que
fugiu do local e denunciado os crimes ao Conselho Tutelar de Altamira e à
Polícia Civil. Segundo o acusado, havia uma pessoa específica, no sul do país,
responsável em aliciar as mulheres, na região, para a prostituição. Ele afirmou
ainda que desconhecia a existência de uma adolescente na boate. O acusado
alegou que a garota havia se identificado como maior de idade.
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