Ivonilde Santos de Souza, A Irmã |
A Irmã (como gosta de ser chamada) Ivonilde Santos de Souza está na reunião da Coordenação da Nacional da CSP-Conlutas que aconteceu neste final de semana em São Paulo. Ela expôs a luta dos agricultores de Anapu e pediu o apoio da Central para essa luta. Foi em Anapu que a Irmã Dorothy Stan foi assassinada. É lá também que os agricultores continuam sendo ameaçados pelos madeireiros para que devastem as florestas e vendam a madeira de seus assentamentos.
Entrevistamos a Irmã. Ela é uma das assentadas no PDS Esperança (Projeto de Desenvolvimento Sustentável), localizado na região da rodovia Transamazônica, em Anapu (PA).
Por que você veio aqui na reunião da CSP-Conlutas?
Irmã - Nós fizemos contato com a CSP-Conlutas por meio de um assentado que também era aluno de um professor em Anapu que era da CSP-Conlutas. Eu participei de uma reunião da Central em Belém e convidamos para que enviassem um representante da Central para falar na nossa associação, a CDA (Comunidade do Desenvolvimento Sustentável). E foi muito gostosa a participação do Kléber [Ramiro - do Sindicato dos Trabalhadores da construção Civil de Belém]. E o que eu falei pra eles é que as nossas reuniões eram parecidas com as deles. Lá tinha a presença de dirigentes de diversos sindicatos e movimentos e são eles que decidem e nas nossas são as pessoas da comunidade. Mas, daí veio o convite para eu participar dessa reunião nacional para falar da nossa luta em Anapu.
E o que está acontecendo em Anapu?
Irmã - A nossa situação não é fácil. Sempre somos ameaçados pelos madeireiros. Para você ter uma idéia o maior madeireiro da região é o vice-prefeito Délio Fernandes. Um dia desse eu fiquei sabendo que o preço da minha cabeça estava custando em 5 mil reais.
O por quê essa perseguição?
Irmã - Nós somos de um assentamento do PDS. Nesses assentamentos podemos usar 20% da terra para o nosso sustento e em 80% temos de manter a floresta nativa. Os madeireiros querem que cortemos as árvores das nossas reservas para vender a madeira. Como a gente não faz isso joga contra o negócio deles, aí as ameaças. Eles nos ameaçam abertamente.
Como é a organização desses assentamentos?
Irmã - Ainda na época do governo FHC já tinha na lei o PDS. Em Anapu isso só saiu do papel por causa da CPT (Comissão da Pastoral Operária) e da Irmã Dorothy (Stang), que foi no Incra e brigou por esses assentamentos junto com a gente. Era a idéia de assentamentos com desenvolvimento sustentável e preservando a floresta. Nesses assentamentos, nós plantamos em 20% da terra, milho, feijão, cacau, arroz e mandioca. Isso serve para o nosso uso e o nosso sustento. Mas nos 80% da terra temos de preservar a floresta nativa como o mogno e o Ipê. Tem também os assentamentos que são chamados de PAs, que não tem o compromisso de preservação das florestas. Os madeireiros defendem esse tipo de assentamento porque podem comprar a madeira deles. É isso o que eles querem.
Como atua o sindicato da região?
Irmã - Em Anapu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Câmara Municipal e a Prefeitura apóiam os madeireiros. O atual tesoureiro do Sindicato, que já foi presidente, hoje é presidente da Câmara Municipal. O vice-prefeito da cidade é o maior madeireiro da região. Para ter idéia de como estão as coisas lá, o prefeito, Francisco de Assis, o Chiquinho do PT, que foi criado pela Irmã Dorothy, era a favor da nossa luta, agora ele é contra os movimentos sociais.
E como foi essa relação com a Irmã Dorothy?
Irmã - A Irmã foi uma coisa maravilhosa para nós. Ela estava do nosso lado. Ela ia no Incra, nos defendia e enfrentava os poderosos de lá. A morte dela foi uma perda grande pra nós. Por isso, depois de tudo o que já aconteceu, não vamos deixar que essa luta se acabe; nós vamos continuar lutando.
As principais reivindicações dos que participam do Projeto de Desenvolvimento Sustentável:
- Vistoria imediata da estrada financiada por INCRA e feita em convenio com a prefeitura local;
- Execução imediata das decisões da Revisão e Supervisão Ocupacional feita pelo INCRA durante 2010, como também novas revisões em áreas já alteradas. Que sejam realizadas as revisões ocupacionais nos PA s e áreas “sob judice”, reforçando o processo judicial. Que a procuradoria do INCRA age com mais força e vontade sobre esta questão dos lotes “sob judice”;
- Proibir exploração de madeira ilegal dentro do assentamento e a retirada dos madeireiros que vivem irregularmente dentro do PDS. Este controle deve ser feito através da construção e manutenção de duas guaritas colocadas nas duas entradas no Projeto, guaritas a ser mantidas pelo próprio INCRA.
Fonte: CSP – CONLUTAS (Central Sindical e Popular - Coordenação Nacional de Lutas)
http://www.conlutas.org.br/site1/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=5867
Entrevistamos a Irmã. Ela é uma das assentadas no PDS Esperança (Projeto de Desenvolvimento Sustentável), localizado na região da rodovia Transamazônica, em Anapu (PA).
Por que você veio aqui na reunião da CSP-Conlutas?
Irmã - Nós fizemos contato com a CSP-Conlutas por meio de um assentado que também era aluno de um professor em Anapu que era da CSP-Conlutas. Eu participei de uma reunião da Central em Belém e convidamos para que enviassem um representante da Central para falar na nossa associação, a CDA (Comunidade do Desenvolvimento Sustentável). E foi muito gostosa a participação do Kléber [Ramiro - do Sindicato dos Trabalhadores da construção Civil de Belém]. E o que eu falei pra eles é que as nossas reuniões eram parecidas com as deles. Lá tinha a presença de dirigentes de diversos sindicatos e movimentos e são eles que decidem e nas nossas são as pessoas da comunidade. Mas, daí veio o convite para eu participar dessa reunião nacional para falar da nossa luta em Anapu.
E o que está acontecendo em Anapu?
Irmã - A nossa situação não é fácil. Sempre somos ameaçados pelos madeireiros. Para você ter uma idéia o maior madeireiro da região é o vice-prefeito Délio Fernandes. Um dia desse eu fiquei sabendo que o preço da minha cabeça estava custando em 5 mil reais.
O por quê essa perseguição?
Irmã - Nós somos de um assentamento do PDS. Nesses assentamentos podemos usar 20% da terra para o nosso sustento e em 80% temos de manter a floresta nativa. Os madeireiros querem que cortemos as árvores das nossas reservas para vender a madeira. Como a gente não faz isso joga contra o negócio deles, aí as ameaças. Eles nos ameaçam abertamente.
Como é a organização desses assentamentos?
Irmã - Ainda na época do governo FHC já tinha na lei o PDS. Em Anapu isso só saiu do papel por causa da CPT (Comissão da Pastoral Operária) e da Irmã Dorothy (Stang), que foi no Incra e brigou por esses assentamentos junto com a gente. Era a idéia de assentamentos com desenvolvimento sustentável e preservando a floresta. Nesses assentamentos, nós plantamos em 20% da terra, milho, feijão, cacau, arroz e mandioca. Isso serve para o nosso uso e o nosso sustento. Mas nos 80% da terra temos de preservar a floresta nativa como o mogno e o Ipê. Tem também os assentamentos que são chamados de PAs, que não tem o compromisso de preservação das florestas. Os madeireiros defendem esse tipo de assentamento porque podem comprar a madeira deles. É isso o que eles querem.
Como atua o sindicato da região?
Irmã - Em Anapu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Câmara Municipal e a Prefeitura apóiam os madeireiros. O atual tesoureiro do Sindicato, que já foi presidente, hoje é presidente da Câmara Municipal. O vice-prefeito da cidade é o maior madeireiro da região. Para ter idéia de como estão as coisas lá, o prefeito, Francisco de Assis, o Chiquinho do PT, que foi criado pela Irmã Dorothy, era a favor da nossa luta, agora ele é contra os movimentos sociais.
E como foi essa relação com a Irmã Dorothy?
Irmã - A Irmã foi uma coisa maravilhosa para nós. Ela estava do nosso lado. Ela ia no Incra, nos defendia e enfrentava os poderosos de lá. A morte dela foi uma perda grande pra nós. Por isso, depois de tudo o que já aconteceu, não vamos deixar que essa luta se acabe; nós vamos continuar lutando.
As principais reivindicações dos que participam do Projeto de Desenvolvimento Sustentável:
- Vistoria imediata da estrada financiada por INCRA e feita em convenio com a prefeitura local;
- Execução imediata das decisões da Revisão e Supervisão Ocupacional feita pelo INCRA durante 2010, como também novas revisões em áreas já alteradas. Que sejam realizadas as revisões ocupacionais nos PA s e áreas “sob judice”, reforçando o processo judicial. Que a procuradoria do INCRA age com mais força e vontade sobre esta questão dos lotes “sob judice”;
- Proibir exploração de madeira ilegal dentro do assentamento e a retirada dos madeireiros que vivem irregularmente dentro do PDS. Este controle deve ser feito através da construção e manutenção de duas guaritas colocadas nas duas entradas no Projeto, guaritas a ser mantidas pelo próprio INCRA.
Fonte: CSP – CONLUTAS (Central Sindical e Popular - Coordenação Nacional de Lutas)
http://www.conlutas.org.br/site1/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=5867
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