O clima de tensão dos últimos dias no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, em Anapu (PA), onde há seis anos a missionária Dorothy Stang foi assassinada, parece ter diminuído. Além da presença policial reforçada, o motivo da trégua foi uma audiência pública, ontem (25), comandada pelo ouvidor agrário nacional, Gercino da Silva Filho.
Com mais de 1,2 mil pessoas, entre trabalhadores rurais, autoridades policiais, representantes de organizações ambientais e membros do Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra) e do Ministério Público, a reunião começou em clima de torcida organizada, mas terminou em acordos, segundo representantes do Incra e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
As autoridades policiais vão fazer cumprir uma liminar que determina a retirada de 22 famílias que ocupam e exploram ilegalmente a área de reserva legal do assentamento. A reserva legal é um pedaço da propriedade onde a retirada de vegetação nativa é proibida.
“São assentados que cometeram irregularidades motivadas pelos empresários madeireiros. Acredito que a decisão será cumprida, tem mais polícia do que gente aqui em Anapu esses dias”, avaliou o padre Amaro Lopes, umas das lideranças do assentamento.
Também ficou acertada a construção de guaritas de segurança em dois acessos do PDS Esperança para tentar coibir a retirada de madeira, que sai do assentamento em caminhões carregados de toras.
No início de janeiro, os assentados bloquearam as entradas do PDS para impedir a entrada de madeireiros. Em retaliação, um grupo de famílias ligadas aos madeireiros fechou um trecho da rodovia Transamazônica na última semana e deixou o assentamento isolado por algumas horas.
A tensão motivou o deslocamento de homens da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança para a região para evitar um novo conflito entre assentados e madeireiros, como o que há seis anos resultou na morte da missionária.
A elaboração de um plano de manejo florestal sustentável para o PDS, outra reivindicação dos assentados apresentada na audiência pública, deverá ser encaminhada após a revisão ocupacional do assentamento, que o Incra retomou na última semana.
Uma comissão com cinco representantes do instituto está fazendo um levantamento das famílias que vivem na área, para avaliar quem está em situação irregular.
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