Por Edilberto Sena*
Um grave conflito, mais um, está tenso e pode explodir a qualquer momento em Anapu, no sul do Pará. Sobre o sangue derramado da irmã Dorothy, pode rolar mais sangue de pobres trabalhadores rurais. Diz a notícia que alguns agricultores ligados ao Sindicato de Trabalhadores Rurais de Anapu, ligados à Contag e Fetagri, também apoiados pela Prefeitura do Município , são contra o combate à extração ilegal de madeira no assentamento Esperança.
Dois grupos de trabalhadores rurais em conflito, um apoiado pela Comissão Pastoral da Terra e as freiras, irmãs da saudosa irmã Dorothy, são contra extração de madeira ilegal. O outro, apoiado pelo prefeito ex-amigo e ex-companheiro da irmã Dorothy e pelo madeireiro vice-prefeito, querem a todo custo retirar madeira de qualquer jeito do assentamento. Quem tem razão? O Projeto de Desenvolvimento Sustentável, PDS, sonhado pela irmã Dorothy, garantia, de acordo com a lei, que os colonos do PDS, só eles, poderiam extarir madeira para negócio de maneira sustentável, com plano de manejo e exploração por eles próprios e vendida no mercado. Com o assassinato de freira-mártir, o governo deixou de lado a lei do PDS e os madeireiros ambicionaram sacar toda a madeira preciosa a qualquer custo. Porém, nem todos lá pensam assim. Uns já esqueceram a luta e o sangue derramado da freira.
Já chegaram certas autoridades lá, Incra, Polícia Federal, Ministério Público Federal, Polícia Militar. Todo esse pessoal chegou em busca de manter a paz, porém a situação continua tensa e explosiva. Na próxima [passada] terça feira haverá audiência pública que será certamente agitada. Por que o Incra e a justiça não exigem o cumprimento da lei? Bastaria fiscalizar cada carreta carregada com toras de madeira saindo do assentamento. Os madeireiros devem estar rindo e atiçando a briga. Uma audiência pública para esquentar o confronto entre os dois grupos de trabalhadores rurais não terá conclusão sadia.
O mais triste desse conflito é que o prefeito de Anapu era amigo e companheiro da freira irmã Dorothy, que tanto lutou pelo bem dos trabalhadores rurais do assentamento Esperança. Ele hoje apoia o contrário da luta da freira assassinada. Ele tem como vice-prefeito um madeireiro, o que dá para se entender por que eles lutam contra os trabalhadores do PDS. E porque eles querem que saiam de lá a Comissão Pastoral da Terra e as freiras? Dá para se compreender porque o conflito. Só a Justiça e o Incra não compreendem e estão vacilando em aplicar a lei e revelar a verdade.
Vão realizar uma audiência pública para tentar contornar o conflito, quando Incra e Ibama deveriam aplicar simplesmente a lei do PDS respeitar os reclamos dos trabalhadores que lutam contra a exploração ilegal da madeira. Vão apenas Rolar com a barriga a injustiça dos madeireiros.
*Pároco diocesano. Coordenador da Rádio Rural AM de Santarém. Editorial de 22 de janeiro de 2011, antes da realização da audiência pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário