Temendo um iminente conflito entre madeireiros e trabalhadores assentados do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Esperança, em Anapu (PA), o Ministério Público Federal (MPF) quer que a Secretaria de Segurança Pública do Pará reforce o policiamento da cidade.
Desde o último domingo (9), os trabalhadores do projeto criado pela missionária norte-americana Dorothy Stang bloquearam as estradas que dão acesso ao assentamento. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o bloqueio é um forma de protesto contra a ação de madeireiros que vêm atuando ilegalmente na região. Dorothy Stang foi assassinada em 2005, no mesmo assentamento.
De acordo com relatos colhidos pela comissão e informados ao MPF-PA, madeireiros aproveitaram o período de férias dos técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para roubar madeira de áreas de preservação ambiental no interior do assentamento Esperança.
Após as sucessivas denúncias feitas ao Incra, os assentados optaram por bloquear as estradas vicinais como forma de pressionar o órgão a agir. Segundo a CPT, há tempos os trabalhadores denunciam a extração ilegal de madeira no local e reivindicam a construção de guaritas de controle de acesso ao projeto.
No ano passado, os trabalhadores já haviam realizado manifestações contra a ação dos madeireiros, bloqueando estradas de acesso ao assentamento e incendiando ao menos dois veículos. O Ibama foi até o local a fim de fiscalizar a área, onde apreendeu caminhões carregados de madeira ilegal, mas, segundo a CPT, os madeireiros retornaram assim que os fiscais deixaram a região.
Na época, o MPF-PA chegou a pedir apoio da Força Nacional (que não chegou a ser enviada) para garantir a segurança. Na avaliação dos procuradores Alan Mansur e Daniel Avelino, de lá para cá a situação só piorou.
“Diante dessa situação, solicitamos envio de reforço policial urgente para a região de Anapu, para coibir quaisquer ações ilegais, evitando a retirada irregular de madeira da área e garantindo a ordem pública no municipio”, diz o ofício enviado ao secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernandes.
O padre Amaro Lopes de Souza, da CPT, e duas irmãs da congregação Notredame, a mesma a que pertencia a irmã Dorothy, se encontram no local com o objetivo de evitar um possível conflito ou fazer a mediação caso ele se confirme.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública diz já ter deslocado agentes da Delegacia de Conflitos Agrários para a região. Além disso, policiais militares de Altamira (PA) estão de prontidão para caso haja necessidade de dar apoio ao policiamento local.
Segundo o major Alisson Monteiro, assessor da secretaria, todas as providências para evitar que a tensão no local piore já estão sendo tomadas. Ele, no entanto, não acredita que haja um conflito.
“Sem querer minimizar a situação, mas as informações iniciais é de que o que houve foi apenas um acirramento da tensão, sem qualquer registro de violência. Acreditamos que até o final do dia [hoje, dia 14] a tensão tenha se dissipado”, disse o major à Agência Brasil, explicando que as forças policiais só serão acionadas se houver conflito entre madeireiros e assentados e não para desobstruir as rodovias interditadas.
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