quarta-feira, 4 de abril de 2012

NAVIO DO GREENPEACE ATRACA EM PORTO DE MOZ

“A Verde para Sempre não está à venda.” Essa é a mensagem em uma placa que as comunidades extrativistas da Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre e o Greenpeace deixaram ontem dentro da unidade de conservação federal, localizada em Porto de Moz.

Na quarta-feira (04) 20 barcos se atracaram em uma “assembleia flutuante” ao navio Rainbow Warrior (“Guerreiro do arco-íris”, na tradução do inglês) que tem 58 metros de comprimento e 11 de largura, que está no município, para pedir ao governo federal que leve adiante a regularização fundiária da reserva.

Isso porque, depois de sua criação, a Resex Verde para Sempre não foi realmente implementada e a regularização fundiária emperrou. Ela ainda não tem plano de manejo, os extrativistas ainda não receberam um documento de concessão de uso da terra e fazendeiros e madeireiros continuam ali, não sendo desapropriados como prega a lei.

Um exemplo da bagunça é o caso da fazenda Amapá. Contra tudo o que a lei fala, um pedaço da reserva foi posta a leilão no ano passado por um juiz da região, para pagar uma dívida de R$ 8 mil de uma madeireira que tem uma posse de 7.200 hectares ali dentro – o dono desta posse nenhum dos extrativistas nunca viu.

“A falta de regularização fundiária permite que a pressão sobre as unidades de conservação permaneça. Com isso, elas não podem cumprir seu papel de proteger a floresta e quem depende dela para sobreviver”, diz Tatiana de Carvalho, da campanha Amazônia do Greenpeace. “O governo federal posa de ‘amigo da natureza’ e quer vender essa imagem na Rio+20. Mas a verdade é que o descaso toma conta da política ambiental hoje no Brasil.”

A Resex tem quase 1,29 milhão de hectares e fica onde o Rio Xingu encontra o Rio Amazonas. Ela foi criada em 2004 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após uma longa batalha das comunidades e do Greenpeace contra madeireiros locais. Em 2002, o rio que cruza a reserva foi bloqueado por barcos dos moradores, que não deixaram balsas carregadas de madeira ilegal saírem da região.

Com a criação, as comunidades esperavam que a pressão sobre a floresta e sobre eles mesmos reduziria. Ela realmente caiu – como mostram os números do desmatamento da região, que foram de 18 mil hectares em 2003 para 1.300 ha em 2011. Mas não parou. Toras de madeira ainda são retiradas ilegalmente, como contam os moradores da reserva.

“Não é a Dilma que está defendendo esse planeta, é o povo da Amazônia. E esse povo foi esquecido pelo governo”, conta Idalino Nunes de Assis, coordenador do Conselho Nacional das Populações Tradicionais. “Somos extrativistas e não vem nada para a gente. Negociação de escritório tem muita, mas orçamento nunca tem.

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