Previstos
como obrigatórios, os estudos sobre impactos no rio Bacajá só foram concluídos
um ano depois de iniciada a obra. E não detalham nenhum impacto. MPF quer novos
estudos
O Ministério
Público Federal iniciou mais uma ação judicial contra irregularidades no
projeto da hidrelétrica de Belo Monte. Dessa vez, os índios Xikrin, moradores
do rio Bacajá, tiveram seus direitos violados pela Norte Energia, pelo
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que iniciaram a obra sem medir os
impactos que terá sobre eles. O Bacajá deságua no Xingu exatamente no trecho do
rio que vai perder 80% da vazão, a Volta Grande do Xingu. Mas até agora, mesmo
com previsão no licenciamento da obra, não foram esclarecidos os impactos sobre
o ecossistema nem garantidas compensações aos índios.
Por causa da
ausência de previsão de impactos e compensações aos Xikrin, o MPF pediu à
Justiça a suspensão da Licença de Instalação de Belo Monte até que a Norte
Energia apresente conclusões sobre os impactos e compensações à população
indígena. O MPF ainda pediu que o desvio da água do rio para as turbinas de
Belo Monte – com a formação do chamado Trecho de Vazão Reduzida – seja proibido
até que todas as compensações sejam implementadas em favor dos Xikrin. A
empresa e o BNDES – financiador da obra – podem ser obrigados a indenizar os
índios pela demora em medir e compensar os impactos. Para o MPF, o BNDES é
corresponsável pelos danos.
A Fundação
Nacional do Índio (Funai), no documento técnico que fundamentou a Licença
Prévia de Belo Monte, determinou a realização de estudos complementares para
examinar a possibilidade de “assoreamento, diminuição de vazão, impactos sobre
ictiofauna que podem comprometer as atividades de subsistência (pesca) e
comerciais (castanha) e a locomoção das comunidades Xikrin”. Mas quando a Norte
Energia entregou os estudos complementares em maio de 2012, nele não constava a
resposta a nenhum dos questionamentos que a Funai fez.
“Passados
mais de dois anos do início das obras, a situação do rio Bacajá e dos Xikrin
permanece a mesma: há completa incerteza quanto aos impactos que decorrerão da
construção da UHE Belo Monte”, dizem os procuradores da República Felício
Pontes Jr, Ubiratan Cazetta e Thais Santi, responsáveis pelo processo.
MPF
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