terça-feira, 1 de novembro de 2011

FUNAI EXONERA LIDER INDÍGENA KAYAPÓ QUE SE OPÕE A BELO MONTE

Megaron é demitido após 26 anos na Funai. Foto Xingu Vivo
Megaron Txucarramãe ou, Mekaron-ti, como se escreve na sua língua, ou "espírito forte", "espírito grande", segundo possíveis traduções para o português, um dos maiores lideres indígenas do Brasil, guerreiro kayapó que é sobrinho do famoso cacique Raoni, foi exonerado do cargo que ocupava na Funai.

A notícia, que tem se espalhado pelas redes sociais, tem provocado revoltas. Principalmente, por ter o aspecto e indícios de retaliação do governo em razão das posições políticas assumidas por Megaron, que é contra Belo Monte e outras barragens que afetam povos indígenas.

Ao se analisar a trajetória de Megaron, é compreensível a incompreensão deste ato da Funai por aqueles que defendem os índios. A atitude do governo tem sido considerado arbitrária para antropólogos. Megaron sempre foi visto como um importante interlocutor com os povos indígenas, várias vezes cotado para assumir a presidência da Funai. Sem ele no órgão, o temor é que a relação conflituosa entre povos indígenas e governo se torne ainda pior.

Revoltados, os kayapó ocuparam a sede da Funai em Colíder. Fizeram danças de guerra, expressando revoltas e indignação.

Megaron disse"Essa decisão foi uma surpresa. Ninguém me informou. Ninguém chegou até mim e para falar o que eu fiz de errado, por que fui exonerado. Simplesmente publicaram a portaria com minha exoneração."
Raoni
Raoni, traduzido por uma jovem kayapó, falou: "Não gostei dessa decisão que o presidente tomou. Vou mandar uma carta para o ministro e se o ministro não atender, nós vamos para Brasília. Vou juntar meu povo, e vamos para Brasília protestar."

Sobre a exoneração, Marina Villas Bôas, viúva de Orlando e que viu Megaron crescer, afirmou: "Acompanhei o Orlando instruindo as atuais lideranças do Xingu. Megaron era uma delas. E não faz sentido, depois de anos em que ele defende os índios, ser afastado da Funai, o órgão que deveria defender os índios".

Noel Villas Bôas, filho de Orlando, foi ainda mais crítico: "Lamentavelmente, o senhor Márcio Meira demonstra total incapacidade para ocupar o cargo de presidente da Funai. Consegue, em pouco tempo, destruir o que demorou 100 anos para ser consolidado na política indigenista."

A Funai não se manifestou sobre a exoneração.

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