quarta-feira, 3 de julho de 2013

'O CRIME COMPENSA', CRITICA ADVOGADO DA CPT SOBRE DECISÃO DA JUSTIÇA QUE DEU LIBERDADE A ASSASSINO DE DOROTHY STANG

Assassino da irmã Dorothy cumprirá restante da pena em prisão domiciliar. Rayfran Sales cumpriu 8 anos da sentença de 27 anos de condenação.

O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista, nesta quarta-feira (3), comentou a decisão da Justiça do Pará que determinou que Rayfran das Neves Sales, assassino confesso da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada em Anapu, irá cumprir o restante da pena de 27 anos em regime domiciliar.

"O crime compensa, né? Se a pessoa cumprir cinco anos de pena, aqui no Pará ninguém vai deixar de receber encomenda de morte. São altos valores à custa de cinco anos de prisão. Isso é uma vergonha, ele é o acusado de ser o executor do crime, que é bárbaro, ser o autor da morte de uma missionária de mais de 70 anos. Aí cumpre pouco mais de cinco anos em regime fechado e com oito anos fica livre para ficar em casa, tranquilo. Isso é um estímulo à impunidade!", critica José Batista.

Para a irmã Margarida Pantoja, integrante do Comitê Dorothy Stang, a sensação de impunidade estimula os jovens a cometer crimes. "Infelizmente aconteceu isso em 2005. Lutamos para que esse caso não caísse no esquecimento. A sensação é terrível. Não de não acreditar na Justiça, mas a lei favorece o criminoso. No Brasil, é fácil matar. Você mata alguém e daqui a pouco está livre. Nós não perdemos o projeto que ela tocava, mas perdemos a irmã Dorothy", lamenta.

O advogado da CPT afirma ainda que a impressão é de que a justiça foi feita está distante do que é decidido nos tribunais. "Passa para a sociedade, no momento na condenação, que está se fazendo justiça. Mas na hora da execução, a pena está muito distante do que a pessoa de fato cumpre. A sociedade não tem essa informação. O júri tem a imagem que ele vai cumprir tudo, mas de 30 anos para pouco mais de cinco em regime fechado é uma diferença muito grande", ressalta José.

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