sábado, 21 de setembro de 2013

NOVA CONDENAÇÃO POR MORTE DE DOROTHY STANG COLOCA STF "NO RIDÍCULO", DIZ LÍDER DA PASTORAL

A condenação de Vitalmiro Bastos de Moura, o "Bida", por ordenar a morte da missionária Dorothy Stang, em 2005, no município de Anapu, causou alívio nas entidades de luta pelos direitos humanos no Pará, mas não diminuiu as cobranças ao Poder Judiciário por mais atenção à questão da violência agrária na Amazônia. O julgamento ocorreu na quinta-feira (19), em Belém, e o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa o sentenciou a 30 anos de prisão, semelhante ao do último julgamento, em 2010.

Segundo o coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra, ligado à Igreja Católica) no Pará, Padre Paulo Joanil da Silva, a decisão já era esperada. "Foi um bom resultado. O júri confirmou os anteriores, de que Bida e o consórcio do crime tiraram a vida da irmã Dorothy. Ele tinha de ser condenado", disse.

O padre afirmou ainda que o crime abre um novo precedente para que outros processos que estão "nas gavetas da Justiça paraense" sejam julgados. O religioso ainda citou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou novo julgamento do fazendeiro, após sua condenação a 30 anos de prisão pelo crime.

"O STF caiu numa manobra diabólica da defesa. O júri agora também colocou a decisão do STF no ridículo, ao manter decisão. Quem saiu derrotado também foi o Supremo. A máscara caiu", disse.

O novo julgamento do fazendeiro ocorreu por decisão do STF, em maio deste ano, que anulou o terceiro júri popular do fazendeiro, em 2010, quando foi condenado a 30 anos de prisão. Nos dois anteriores, ele foi condenado e inocentado.

Para a professora Luiza Virgínia Morais, integrante do comitê Dorothy (grupo formado por pessoas ligadas aos direitos humanos), a justiça voltou a ser feita. "A condenação mais uma vez do Bida é muito significativa até para rememorar todos os mártires da terra. Nós não conseguimos condenar todos os mandantes de crimes agrários, e essa decisão representa muito na luta contra a impunidade", disse.

A ativista ainda criticou a posição dos advogados de defesa, que teriam atacado os movimentos sociais. "A defesa bateu muito nos movimentos sociais, dizendo que quem manda no Brasil são eles. Foi injusto. Mas a gente se sente gratificado pela irmã Dorothy, que, apesar de assassinada, mantém a luta dela viva, com as conquistas daquilo que ela sempre pregou", afirmou.


Uol Noticias

Nenhum comentário:

Postar um comentário